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São Paulo, 6 de abril de 2025 – Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro tomaram a Avenida Paulista, na região central da capital paulista, na tarde deste domingo (6), em um ato convocado por ele para pedir anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. O protesto iniciou-se por volta das 14h e concentrou-se na defesa do projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados, que prevê a concessão de anistia a condenados pelos atos antidemocráticos contra os Três Poderes.
Em seu discurso, Bolsonaro voltou a defender manifestantes presos, com destaque para a cabeleireira Débora Rodrigues Santos, detida por participação direta na invasão e depredação das sedes dos Poderes, e por pichar com batom a estátua “A Justiça”, que fica em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Durante o ato, apoiadores, muitos vestidos de verde e amarelo, empunhavam batons em referência à prisão de Débora, que recentemente foi convertida em prisão domiciliar.
Conforme a Procuradoria-Geral da República (PGR), Débora aderiu ao movimento golpista desde o fim das eleições de 2022 e é investigada por tentativa de obstrução das investigações, inclusive por supressão de provas.
Bolsonaro também fez menções ao seu próprio destino em 8 de janeiro. Disse que uma “intuição” o fez deixar o país antes da eclosão dos atos, e sugeriu que, se estivesse no Brasil naquela data, poderia ter sido preso ou até assassinado. “Algo me avisou. Se eu estivesse no Brasil eu teria sido preso e estaria apodrecendo até hoje ou até assassinado”, declarou.
O ex-presidente também comentou a ausência do filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, que atualmente reside nos Estados Unidos. Segundo ele, o filho se afastou por se sentir perseguido politicamente e mantém contatos com lideranças internacionais. “Tenho esperança que de fora venha alguma coisa para cá”, afirmou.
Presenças políticas e cenário jurídico
Além de Jair Bolsonaro, o evento contou com a presença de diversos governadores aliados, como Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ratinho Junior (PR), Wilson Lima (AM), Ronaldo Caiado (GO), Mauro Mendes (MT) e Jorginho Mello (SC). Também participaram parlamentares, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.
Bolsonaro, que está inelegível até 2030, enfrenta diversas frentes jurídicas. A perda dos direitos políticos foi determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após a reunião com embaixadores, em julho de 2022, quando, ainda no cargo, questionou sem provas a integridade do sistema eleitoral brasileiro.
Desde o mês passado, o ex-presidente também é réu por tentativa de golpe de Estado, após decisão unânime da Primeira Turma do STF, que acolheu denúncia da PGR contra ele e outras sete pessoas. Caso condenado, Bolsonaro poderá enfrentar penas que incluem prisão.
A manifestação deste domingo reforça o embate político em torno da memória e das consequências dos atos de 8 de janeiro, e lança nova luz sobre o projeto de anistia, tema que promete dividir o Congresso Nacional nos próximos meses.