Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre Foto e divulgação: G1
Tânia Monteiro, O Estado de S.Paulo
Palácio do Planalto, sede do poder Executivo federal Foto: Dida Sampaio/Estadão
BRASÍLIA – No Palácio do Planalto, entre alguns interlocutores do presidente, a decisão do Supremo Tribunal Federal de barrar a possibilidade de reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado foi vista com alívio. Apesar disso, a ideia é de que não haja manifestações elogiando a decisão do STF, sob a justificativa de que este não é assunto do Executivo e qualquer opinião pode ajudar a criar polêmica sobre o assunto, considerada desnecessária, nesse momento. O resultado, por si só, já ajuda.
A avaliação é a de que o impedimento da reeleição de ambos favorece o presidente Jair Bolsonaro. Sem Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, ambos do DEM, no comando das duas casas, acredita-se na possibilidade de um caminho para que o presidente possa ter um aliado nestes postos e que isso pode começar a ser pavimentado. Mas isso não significa vida fácil ou harmonia com o Congresso.
A perspectiva é de que, passadas as eleições municipais e a eleição das presidências da Câmara e do Senado, deverá haver uma acomodação de forças no governo. Bolsonaro, apesar de ter se aproximado do Centrão, abrindo uma via de melhor integração com a Câmara e Senado, sabe que a sua vida, em qualquer situação não será fácil. Sem Maia e Alcolumbre, Bolsonaro continuará contando com manobras de opositores a qualquer de suas iniciativas. Mas, sabe também que, de agora até a eleição de fevereiro de 2021, muita coisa poderá acontecer, inclusive alguma coisa que lhe favoreça.
Obviamente, a presença de aliados na presidência da Câmara e Senado facilitaria, e muito, a vida de Bolsonaro. Mas, até lá, há um longo trajeto a ser trilhado. O Planalto gostaria de evitar que a aprovação de pautas essenciais para o governo, em 2021, se torne incerta. Mas isso dependerá de quem assumir o comando das duas casas e as interferências do Executivo neste tema também não são bem vistas.
No Senado, a disputa começará do zero e é onde a situação, no momento, é mais incipiente porque, até mesmo no Planalto, havia uma avaliação de que Alcolumbre “poderia” continuar, levando em consideração que mandatos naquela Casa são de oito anos, ao contrário da Câmara, que se limitam a quatro anos. Ainda não se fala em nomes. Na Câmara, a simpatia do Planalto era pelo nome do deputado Arthur Lira (PP-AL), embora tenha sido combalido por denúncias de rachadinha reveladas pelo Estadão. Mas há outros nomes já no jogo, como de Baleia Rossi (MDB-SP), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Elmar Nascimento (DEM-BA) e Marcos Pereira (Republicanos-SP).
Com a saída de Alcolumbre do jogo, embora o Planalto não tenha dado nenhum sinal do caminho a seguir no Senado, alguns nomes estão colocados na disputa: Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo na Casa, Simone Tebet (MDB-MS), Eduardo Braga (MDB-AM), Esperidião Amim (PP-SC) e até o Major Olímpio (PSL-SP), que tinha se colocado como contraponto a Alcolumbre.