Qual será o fim desses dois
Luiz Silva dos Santos MTb 0088765/SP e Pedro S. Melo 0082456
Nestes tempos de pandemia não consigo me conter em tentar chamar a atenção “Psiu sou eu o Orelhão lembra-se de mim“, estou posicionado aqui não sei até quando! Na esquina da Av. Vital Brasil e Rua Alvarenga, no bairro do Butantã duas vias importantes na zona oeste da cidade.
Para onde serão enviados estes pontos de referência
Foto: Luiz Silva dos Santos MTb Mtb 0088765/SP
Chegamos por aqui na década de setenta, com a saudosa Telesp, depois passamos para Telefônica bons tempos aqueles, depois viramos Vivo. Naquela década quando chegamos à comunicação tornava-se uma necessidade e com isso a disseminação e o uso de orelhões era uma forma de interligar e prestar um serviço à população, outrora se formava até fila de pessoas para usar o serviço, eu e me irmão nos achávamos importantes para época. Com o passar do tempo à tecnologia e os meios de comunicação foram evoluindo como é natural e necessário e fomos sendo esquecidos aos poucos, estou com meu irmão mais velho, bem mais alto e cor de laranja, que combina com o sol deste início de tarde, confesso que ultimamente fomos lembrados pelos pichadores que deixaram suas marcas e se foram sem nunca mais voltar.
Estamos em uma esquina privilegiada de comércio ativo, lojas, supermercados, postos de gasolina, farmácias etc. Observo todos os dias os carros com os motoristas passando apressados, buzinam e aceleram para chegar aos seus destinos, passam também pessoas que na pressa do dia a dia nem nos notam eu e meu irmão aqui sempre juntinhos ansiosos a espera de alguém para podermos atender e prestar um serviço, O vaivém das pessoas é frenético e também constante, sempre passam apressados, os trabalhadores, alunos de colégios e de uma faculdade que está bem pertinho, mas nada ninguém presta atenção no roxinho e no amarelinho desbotado.
E com a chegada dessa tal pandemia é que não vão nos notar mesmo, notamos também a diminuição do fluxo de veículos assim como dos transeuntes.
Só de pensar que já fui tão importante para casais de namorados que me usavam para marcarem encontros, para alguém da turma de amigos que recorria a este simples orelhão que aqui “voz escreve” para agendar horário de encontro em um determinado bar para comemorar ou mesmo para se encontrarem, até para as famílias que se comunicavam constantemente, nas datas festivas como dia das mães, dia dos país, nas festas de fim de ano, e sem falar nos trabalhadores que recorriam ao roxinho ou ao amarelinho para comunicar ao chefe que se atrasariam para o trabalho, como era gostoso aquele tempo.
A importância era tão grande que eu podia servir a todos mesmo para aqueles que não tinham recursos financeiros para comprar uma ficha ou mesmo um cartão, a vontade de servir era tão prazerosa que as chamadas telefônicas podiam ser feitas a cobrar, eu e meu irmão atendíamos a todos, até mesmo com chamadas para as cidades mais distantes do estado, do país e até para cidades do estrangeiro, culturas e hábitos diferenciados, estávamos aqui firmes e fortes.
Servíamos até para proteger as pessoas das rajadas de chuvas repentinas principalmente os cabelos recém-tratados das mulheres e dos homens que frequentam os diversos salões de beleza que são nossos vizinhos. Poxa e hoje estamos aqui sozinhos, sem atenção de ninguém.
Aí como me dói ficar relembrando esse passado que me deixava feliz quando conseguia ser útil. Sei que meu fim não será onde eu gostaria de estar, falo do museu do telefone, já ouviu falar é, pois existe e são vários espalhados pelo país, alguns com características e status de museu municipal, especificamente no Estado de São Paulo são dois que gostaria que nos levassem, um fica no centro de São Paulo e o outro fica na Cidade de Bragança Paulista.