Capela Sistina, Vaticano — Em sua primeira celebração como líder da Igreja Católica, o papa Leão 14 fez um apelo direto à autenticidade da fé cristã e lançou um forte alerta contra o que definiu como “ateísmo prático”. A missa solene foi realizada na manhã desta sexta-feira (9), na Capela Sistina, com transmissão ao vivo para o mundo inteiro.
Diante dos cardeais reunidos e visivelmente comovido, o novo pontífice iniciou a cerimônia com um breve momento de silêncio e oração. Com os olhos fechados e uma respiração profunda, deu início à liturgia em inglês e espanhol — línguas que refletem sua formação multicultural: nascido nos Estados Unidos e teólogo formado naquele país, Leão 14 viveu por anos no Peru, onde consolidou seu ministério pastoral.
Homilia marcada por firmeza e apelo espiritual
Em sua primeira homilia como papa, Leão 14 adotou um tom pastoral, mas direto. Alertou para os perigos de uma vivência cristã superficial, marcada pela indiferença espiritual e pela rotina religiosa desvinculada de fé autêntica. “Não são poucos os contextos em que a fé cristã é ridicularizada, os crentes são vistos como retrógrados e a proposta da Igreja descartada como inútil”, declarou.
O papa identificou uma crise silenciosa: o afastamento de muitos cristãos da essência da fé, mesmo mantendo práticas externas. “Ateísmo prático”, explicou, é viver como se Deus não existisse — uma realidade, segundo ele, presente até entre os batizados.
Criticou ainda o modo como Jesus tem sido retratado em certos meios: “Um simples líder carismático ou super-homem”, ignorando sua verdadeira identidade como Filho de Deus. Para Leão 14, essa distorção gera uma espiritualidade frágil, incapaz de responder às angústias existenciais do mundo moderno. “As pessoas tentam vencer a solidão e a insegurança com sucedâneos do espírito, como o sucesso, o prazer ou o poder”, lamentou.
Igreja como farol e missão profética
O novo pontífice reforçou a missão da Igreja como “cidade colocada sobre o monte” — metáfora bíblica usada para enfatizar seu papel de guia em tempos de escuridão moral e espiritual. Em sua visão, a instituição precisa resgatar seu caráter profético, sendo sinal de esperança e verdade em um mundo cada vez mais descrente.
Ao final, Leão 14 evocou a humildade como chave da liderança cristã. Citando Santo Inácio de Antioquia, afirmou: “Desejo desaparecer para que Cristo permaneça”. A frase, carregada de simbolismo, soou como um indicativo do espírito com que pretende conduzir o pontificado: menos centrado na figura do papa, mais voltado à centralidade de Cristo.
Uma nova era?
A primeira missa de Leão 14 marca não apenas o início de um novo papado, mas também sinaliza possíveis direções para a Igreja sob sua liderança: autenticidade, profetismo e retorno à essência do Evangelho. Se depender do tom de sua homilia inaugural, o novo pontífice promete ser uma voz clara em meio às incertezas espirituais do século XXI.