Um estudo inédito do Ministério da Saúde coloca as mulheres vítimas de violência em mais uma triste estatística. Além do risco de feminicídio, elas são mais propensas a cometerem suicídio. O estudo, publicado nesta semana no Jornal O Estado de S.Paulo, aponta que a cada dez mortes de mulheres por suicídio, quatro já tinham histórico de registro no SUS por violência.
De acordo com os dados reunidos pela diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis, Maria de Fátima Marinho de Souza, responsável pelo estudo, a lesão auto provocada foi identificada em 47,9% das mulheres adultas. Entre idosas, o porcentual foi de 49,9%.
As agressões físicas e psicológicas vividas por elas, em alguns casos durante anos, deixam rastros que, infelizmente, não são apagados apenas pela aplicação da lei contra os agressores. Daí, a importância de termos uma rede atuante, sensível à causa, que seja capaz de acompanhar estas vítimas e identificar possíveis sequelas psicológicas.
Cabe interpretar que ao cometer o ato extremo de tirar a própria vida, a vítima entende como sendo esta a única alternativa de acabar de vez com aquele sofrimento. A dor que ela carrega na alma e o medo dos próximos ataques já sufocaram qualquer perspectiva de que aqueles maus tratos um dia terão fim.
É certo que a Lei Maria da Penha trouxe muitos avanços, estabelecendo medidas protetivas e punições mais severas aos agressores, mas ainda temos um longo caminho a percorrer para eliminarmos de vez todas as formas de violência contra a mulher e sermos implacáveis na defesa de seus direitos.
Além do amparo na lei – iniciado no momento da denúncia, com local adequado e escuta qualificada-, estas mulheres necessitam de uma rede especializada de acolhimento e apoio interdisciplinar. Na Assembleia Legislativa, vamos perseguir este objetivo e defender políticas que atuem no combate e prevenção das causas.
É preciso quebrar este ciclo de violência que vem matando mulheres de todas as formas. Não podemos nos acostumar com as cenas que o noticiário nos mostra diariamente de mulheres agredidas e assassinadas pelos companheiros. É um problema urgente, desafiador que exige diversas frentes de atuação, que começa a partir da denúncia.
Viver sem violência é um direito! Disque 180 e denuncie!
Márcio Nakashima
Deputado estadual eleito (PDT)