César Galvão, TV Globo e G1 SP— São Paulo
Guilherme Silva Guedes tinha 15 anos — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Perícia conclui que adolescente Guilherme foi morto com dois tiros à queima roupa em SP
O adolescente Guilherme da Silva Guedes, de 15 anos, foi morto com dois tiros à queima roupa, após desaparecer na madrugada do dia 14 de junho na região de Americanópolis, na Zona Sul de São Paulo. Um sargento da Polícia Militar está preso por envolvimento no crime.
De acordo com o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o laudo necroscópico aponta que Guilherme foi colocado no banco de trás de um carro preto, citado por testemunhas, e levado para a Avenida Alda, em Diadema, a 6 km de distância do local em que foi abordado, uma viela na esquina da sua casa.
Segundo os peritos, o adolescente levou o primeiro tiro quando estava de pé e com as mãos entrelaçadas na nuca. A bala entrou no dorso da mão, saiu pela palma, entrou na nuca e parou no cérebro. Os legistas encontraram o projétil alojado.
Já caído, Guilherme levou o segundo tiro nos lábios. Os legistas retiraram o segundo projétil deformado, provavelmente por ter batido nos ossos.
Os peritos encontraram manchas de pólvora no corpo, o que indica a morte à queima roupa. De acordo com o laudo, a morte foi instantânea.
Investigações
A Polícia Civil investiga se o vigia de uma empresa também participou do assassinato de Guilherme Silva Guedes, na Vila Clara, região de Americanópolis, na Zona Sul de São Paulo. Um policial militar está preso por suspeita de envolvimento no crime, mas alega inocência (leia mais abaixo).
A investigação já tem a identificação desse porteiro e o procura para ser ouvido. O Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) quer saber se ele é o homem que aparece ao lado de outro suspeito no vídeo que mostra o adolescente. Ele, porém, não foi encontrado e é considerado “foragido” pela polícia.
“Na casa do porteiro, ele não estava. Segundo informações, ele sumiu. Então a gente está considerando, a partir de hoje [sexta-feira, 19], como foragido também”, disse o delegado Fábio Pinheiro, do DHPP. Ele não explicou, no entanto, se a Justiça havia decretado a prisão desse segundo suspeito.
Nesta sexta-feira (19) o DHPP e a Corregedoria da Polícia Militar (PM) foram a sete endereços na capital e Grande São Paulo que são ligados ao sargento da PM Adriano Fernandes de Campos, que fazia bico de segurança no galpão da empresa. Dois carros suspeitos de terem sido usados no crime foram apreendidos (saiba mais abaixo).
O sargento está preso desde quarta-feira (17) por suspeita de envolvimento na morte de Guilherme. Apesar de o policial ter ficado em silêncio durante seu interrogatório, a defesa dele falou que seu cliente nega o crime.
“Todos esses pontos da imagem, de tudo que circundou o caso, o Adriano vai explicar, vai trazer as versões que vão afastar completamente a participação dele em qualquer crime”, disse o advogado Renato Soares do Nascimento, que defende Adriano. “Ele não tem participação nenhuma no crime de homicídio que o estão acusando”.
Vídeo gravado por câmera de segurança mostra Guilherme antes dele entrar numa viela perto da casa onde morava numa comunidade e desaparecer no domingo. Horas depois, seu corpo foi encontrado baleado, com dois tiros, e marcas de espancamento em Diadema, no ABC Paulista.
Na mesma filmagem, aparecem dois homens com roupas comuns, que não são uniformes, logo após o sumiço do adolescente.
Um deles aparenta segurar uma arma. Segundo a investigação esse homem é o sargento, que estava à paisana e de folga, trabalhando como segurança do galpão, juntamente com outro homem ainda não identificado.
A Corregedoria da PM entregou ao DHPP a pistola que Adriano usa como policial. A polícia procura, no entanto, outra arma que o sargento possui, um revólver pessoal que ainda não foi encontrado.
A prisão temporária do PM é de 30 dias. Ele está detido no presídio da Polícia Militar na Zona Norte da capital.
Hipóteses
A principal hipótese do DHPP é a de que os dois homens que trabalhavam na segurança da empresa confundiram Guilherme com um dos ladrões que invadiram o local e furtaram celulares dos veículos. O adolescente não tinha passagens criminais.
Segundo o DHPP, uma das linhas da investigação é de que foi nesse momento que Guilherme acabou abordado e depois morto pelos seguranças.
“Na hora que aquele segundo homem se abaixa [no vídeo], teria uma sacola com objetos furtados no galpão. Só que o Guilherme não esteve no galpão, ele estava em casa durante aquele período todo e ele ficou na esquina da sua casa”, disse o delegado Fábio.
O adolescente morava com a família numa casa próxima ao muro da viela. “A tese nossa é essa: que ele foi pego por engano e acabou tendo esse desfecho trágico”, falou Fábio.
A polícia segue três linhas de investigação para tentar identificar o segundo suspeito: que ele pode ser um funcionário da empresa de segurança do sargento, um outro policial que estaria ajudando Adriano, ou o próprio vigia do galpão.
O DHPP suspeita que os ladrões da empresa tenham lutado com o vigia antes de fugir. E que o sargento Adriano foi atrás deles com outro homem, quando encontraram Guilherme na viela e o confundiram com um dos ladrões.
Testemunha e buscas
Na quinta-feira (18) o Departamento de Homicídios ouviu uma testemunha que contou que por volta das 2h10 ouviu o barulho de dois tiros no terreno onde o corpo do adolescente foi encontrado. Ela disse ainda que viu um carro escuro deixando o local minutos depois.
Além de procurar o porteiro da empresa para prestar depoimento nesta sexta, a polícia cumpre mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça em imóveis relacionados ao sargento Adriano.
Juntamente com a Corregedoria da PM, o DHPP vai à sede do Batalhão da Polícia Militar em São Bernardo do Campo, no ABC, onde Adriano trabalha.
A investigação também foi às casas do sargento e de seu filho.Os policiais apreenderam um carro nesses locais e apuram se ele é o mesmo visto pela testemunha no local onde o corpo de Guilherme foi encontrado.
A polícia também vai à sede da empresa de segurança em Santo André, no ABC, onde Adriano é sócio. Todo material que for apreendido será levado ao DHHP, no Centro da capital.