Moro e o presidente Jair Bolsonaro. FOTO: UESLEI MARCELINO/REUTERS
O ministro demissionário da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro atingiu o coração de Bolsonaro. Nessa declaração pública de cerca de 40 minutos que fez a manhã desta sexta, 24, o ex-juiz da Lava Jato atribui tentativas de crimes ao presidente. Por baixo, obstrução de justiça, tráfico de influência e crime de responsabilidade.
Ter acesso a relatórios de inteligência, conhecimento e domínio de inquéritos é uma estratégia de Bolsonaro repudiada pela PF.
A lei 12.850/2013, que define Organização Criminosa, diz que incorre nela “quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa.” A pena é de reclusão de três a oito anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas.
Desprestigiado e desautorizado, com a demissão do diretor geral da PF Maurício Valeixo sem sua anuência, pior, sem seu conhecimento, Moro tenta evitar a completa desmoralização ao dar adeus ao ministério. Por isso apontou para o peito de Bolsonaro. E acusa o presidente de querer interferir na rotina de uma Polícia que age apartidariamente.
Carta branca que nada. Moro demorou, e resistiu muito, para perceber que esse compromisso público do presidente era apenas uma falácia.