(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Reportagem foi alvo de censura imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, que mandou excluir a publicação.
Procuradores da força-tarefa Lava-Jato divulgaram, nesta quinta-feira certidão que, segundo eles, “demonstra falsidade da acusação de suposto vazamento de informações” relativas aos e-mails de Marcelo Odebrecht que citam o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, como “amigo do amigo do meu pai”.
A reportagem foi alvo de censura imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, que mandou excluir a publicação. O Conselho Nacional do Ministério Público apura se houve vazamento do conteúdo.
O corregedor nacional do Ministério Público, Orlando Rochadel Moreira, decidiu na terça-feira, 16, abrir uma apuração sobre o vazamento de documento em que o empreiteiro Marcelo Odebrecht afirma que o codinome “o amigo do amigo do meu pai” se refere ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli.
A decisão do corregedor atende a pedido do conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello, representante do Senado no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que acredita que, se houver responsabilidade de membro ou servidor do Ministério Público na divulgação do documento sobre Toffoli, “é indispensável a apuração e adoção das medidas disciplinares cabíveis”.
O juiz da Lava-Jato decidiu nesta quarta, deferir “o pedido formulado” pelo Conselho do Ministério Público sobre informações a respeito de acessos de procuradores ao inquérito. O magistrado determinou “à Sra.
Diretora de Secretaria a expedição da certidão requerida, de acordo com o que constar nos registros do E-Proc, indicando a identificação dos integrantes do Ministério Público Federal que acessaram o processo nº 5026548-52.2015.4.04.7000, em trâmite neste Juízo, desde a juntada de documentos ao evento 200 até a presente data, com a indicação de datas e horários”.
Nesta quinta-feira, a Lava-Jato afirmou que “certidão com informações extraídas do sistema e-proc pela 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, disponível em anexo, demonstra que os procuradores da força-tarefa Lava-Jato do Ministério Público Federal no Paraná (MPF/PR) só acessaram os autos em que foi juntado o documento de que trata a matéria da Revista Crusoé intitulada ‘O amigo do amigo de meu pai’ às 22:04h de 11/04/2019, portanto, após a publicação da notícia sobre o assunto no site da revista e no site O Antagonista. A referida matéria estava disponível, pelo menos, desde às 20:01h de 11/04/2019, conforme se verifica em anexo”.
“Portanto, a tentativa leviana de vincular o vazamento a procuradores da FT é apenas mais um esforço para atacar a credibilidade da força-tarefa e da operação, assim como de desviar o foco do conteúdo dos fatos noticiados”, afirmam.
“Diante do fato de que o documento foi produzido por particular e que a ele potencialmente tiveram acesso várias pessoas, a acusação – infundada, como provado – ignora a participação de outros atores no inquérito. Nesse contexto, a acusação direcionada aos procuradores levanta suspeita sobre a isenção de quem a realiza e sobre a real intenção de quem os persegue”, concluem os procuradores.