Divulgação e reprodução: Instagram Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, se pronunciou de forma contundente sobre a recente tentativa de criminalizar declarações feitas no Parlamento, afirmando que isso representa uma violação da liberdade de expressão dos parlamentares. Durante seu discurso, Lira ressaltou que o Congresso Nacional não pode ser alvo de interferências externas que cerceiem o direito à manifestação de seus membros, defendendo a inviolabilidade da tribuna como um pilar fundamental da democracia.
“A imunidade material é um direito inalienável e deve ser absoluta no exercício das funções parlamentares”, declarou Lira, enfatizando que, sem esse direito, o plenário da Câmara ficaria vulnerável à censura e a limitações externas que comprometeriam tanto o trabalho dos deputados quanto a própria essência democrática do país.
Lira criticou fortemente qualquer movimento que busque restringir o debate livre e a crítica no Congresso, alertando para os riscos de retrocessos que possam enfraquecer as instituições democráticas. Ao mesmo tempo, deixou claro que seu objetivo não era criar polêmica, mas relembrar que a imunidade parlamentar tem limites quando se trata de proteger a dignidade e o respeito nas discussões públicas.
O caso Van Hattem e a polêmica com a Polícia Federal
A fala de Lira ocorre em meio à polêmica envolvendo o deputado federal Filipe Van Hattem (PL-RS), que foi indiciado pela Polícia Federal por calúnia e injúria. O deputado é acusado de ter feito críticas ao delegado Fábio Alvarez Schor durante uma sessão na Câmara, no dia 14 de agosto. Segundo a investigação, as declarações de Van Hattem visaram constranger e ofender o delegado, que supervisiona inquéritos relacionados ao Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente envolvendo figuras ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na ocasião, Van Hattem acusou Schor de “fraudar relatórios” para justificar prisões arbitrárias, inclusive de jornalistas bolsonaristas e aliados do ex-presidente. Além disso, o deputado questionou a legalidade das investigações conduzidas pelo delegado, supervisionadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Foto: Reprodução/Instagram/ Câmara dos Deputados Federais
A repercussão no Congresso
O discurso de Van Hattem não foi o único a gerar controvérsia. Em paralelo, o deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB) também atacou a atuação da Polícia Federal, chamando o delegado de “covarde” e associando sua conduta à subordinação ao ministro Alexandre de Moraes. O parlamentar afirmou que as investigações conduzidas por Schor eram ilegais e visavam prejudicar cidadãos inocentes.
Esses acontecimentos ressaltam o clima tenso e a polarização política que envolvem o Congresso Nacional e a relação entre o Legislativo e o Judiciário, especialmente no contexto das investigações que envolvem membros do governo Bolsonaro e aliados. A defesa da imunidade parlamentar e da liberdade de expressão no Congresso se coloca, assim, como um ponto crucial para garantir o equilíbrio entre os poderes e proteger a liberdade de debate nas esferas públicas.
O caso segue em andamento, com a expectativa de que novas manifestações e decisões jurídicas possam impactar a relação entre as instituições e a preservação das garantias constitucionais.