Por Léo Rodrigues -da Agência Brasil – Rio de Janeiro/ © Divulgação/Corpo de Bombeiros de Minas Gerais
Juliana Creizimar de Resende Silva tinha 33 anos e havia recentemente dado a luz a gêmeos quando, em janeiro de 2019, sua vida foi soterrada por uma avalanche de rejeitos de mineração. Ela é uma das 270 vítimas da tragédia de Brumadinho, ocorrida após o rompimento da uma barragem da Vale na Mina Córrego do Feijão. Seu corpo estava desaparecido há 942 dias quando foi localizado na terça-feira (24) pelo Corpo de Bombeiros. A identificação ocorreu ontem (25) e seus parentes poderão finalmente organizar um enterro.
Segundo divulgou a perícia da Polícia Civil, a identificação do corpo se deu por meio da arcada dentária. Foram levantadas informações sobre tratatamentos dentários e analisadas fotos de sorrisos, formando um banco de dados que permitiu chegar a uma conclusão rapidamente.
Assim como a maior parte das vítimas, Juliana era funcionária da Vale. Seu marido, Dennis Augusto da Silva, também integrava os quadros da mineradora e teve o corpo encontrado ainda em 2019. Os filhos gêmeos estão hoje sob os cuidados de uma tia e dos avós.
O rompimento da barragem liberou no meio ambiente uma avalanche de rejeitos que destruiu comunidades, causou degradação ambiental, poluiu o Rio Paraopeba e deixou 270 mortos. Com a identificação de Juliana, falta agora encontrar os corpos de nove vítimas. As buscas continuam.
Devido às restrições decorrentes de pandemia da covid-19, os trabalhos dos bombeiros foram interrompidos duas vezes. A primeira paralisação ocorreu de março a agosto do ano passado. Posteriormente, em 17 de março deste ano, os trabalhos foram novamente suspensos. A retomada dos trabalhos ocorreu no dia 12 de maio.
Segundo o Corpo de Bombeiros, as características do rejeito, que não se esfarela com facilidade e que ganha consistência argilosa quando molhado, é um complicador. Além disso, dado o tempo que já se passou da tragédia, a possibilidade de achar o corpo com a estrutura intacta é menor, o que também dificulta o trabalho.
Os esforços são acompanhados de perto pela Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos do Rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão (Avabrum), criada pelos familiares dos mortos na tragédia. Na última vez que um corpo foi encontrado, em maio desse ano, a entidade publicou uma mensagem nas redes sociais. “Renovamos as esperanças e seguimos motivados para continuar lutando pelo encontro agora das dez joias. Todos serão encontrados. Desistir não é uma opção”, dizia o texto. A associação contabiliza 272 mortes na tragédia porque inclui na conta os bebês de duas vítimas que estavam grávidas.
Edição: Maria Claudia