Ricardo Souza, o Ricardinho, renunciou ao cargo de presidente da CBHb Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados/ O Estado S. Paulo
O presidente em exercício Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), Ricardo Souza, o Ricardinho, renunciou nesta quinta-feira. Ele havia sido punido em agosto pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) por assédio sexual contra uma funcionária da CBHb durante os Jogos Pan-Americanos no ano passado, em Lima. Desde então, COB tinha cortado a verba para a CBHb para forçar a renúncia de Ricardinho.
Ricardinho era vice-presidente, mas assumiu o comando da entidade porque o presidente Manoel Oliveira sofreu uma ação judicial por mau uso do dinheiro. Na semana passada, Ricardinho apresentou atestado médico para pedir afastamento da entidade. A expectativa era de que, com ele afastado, o COB voltaria a repassar a verba para a CBHb, o que acabou não acontecendo. Com isso, nesta quinta-feira ele decidiu pela renúncia.
Ricardo Souza, o Ricardinho, renunciou ao cargo de presidente da CBHb Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
“Mesmo tendo o direito de permanecer no cargo para o qual fui eleito democraticamente, assegurado por uma decisão judicial, resolvi renunciar à presidência da entidade, para que a perseguição dirigida à minha pessoa não acabe por prejudicar todo o handebol, que é um patrimônio do povo brasileiro, e que as pessoas passam, mas as instituições ficam. Muitos já passaram e a CBHb e o handebol permanecem”, justificou Ricardinho em sua carta de renúncia.
Sem a verba do COB, a seleção masculina de handebol corre o risco de não conseguir disputar o Campeonato Mundial no Egito, em janeiro. A equipe não viajou para treinamentos na Europa no mês passado, porque o COB também não bancou. Com a renúncia de Ricardinho, a tendência é de que o COB volte a arcar com os custos da seleção durante treinos e torneios no exterior. A seleção feminina já está classificada para a Olimpíada de Tóquio, enquanto a masculina ainda terá de disputar o pré-olímpico em 2021.
VEJA A CARTA DE RENÚNCIA DE RICARDINHO
“É do conhecimento de todos o que ocorreu na mina vida nos últimos meses. Fui alvo de um linchamento moral que nem os piores criminosos do país sofreram. Não tive sequer o direito de cumprir a pena a que fui condenado após os recursos, direito este conferido a qualquer criminoso do país, mesmo na certeza da injustiça feita contra minha pessoa.
Apesar disso e de toda a perseguição política que sofri, acredito que consegui deixar a Confederação Brasileira de Handebol melhor do que estava quando assumi a presidência, com importantes conquistas diante de um dos piores cenários financeiros encontrado na CBHb.
Agora a verdade começa a transparecer, tanto que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro me deu o direito de retornar ao cargo do qual fui afastado. Temos uma biografia límpida construída ao longo de 30 anos dedicados ao esporte, e isto será provado em breve.
Mesmo tendo o direito de permanecer no cargo para o qual fui eleito democraticamente, assegurado por uma decisão judicial, resolvi renunciar à presidência da entidade, para que a perseguição dirigida à minha pessoa não acabe por prejudicar todo o handebol, que é um patrimônio do povo brasileiro, e que as pessoas passam, mas as instituições ficam. Muitos já passaram e a CBHb e o handebol permanecem.
Por amor ao esporte, ao qual tenho muito zelo e gratidão, além de todos aqueles que fazem e fizeram o handebol nacional, renuncio de forma irretratável e irrevogável ao cargo de primeiro vice-presidente (atualmente no exercício da presidência) da CBHb.”