(foto (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
O líder espiritual foi ouvido por aproximadamente quatro horas. Depois, foi levado para fazer exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
O médium João de Deus será encaminhado para o Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia para cumprir prisão preventiva. A informação foi repassada pelo delegado André Fernandes no início da noite deste domingo. O líder espiritual foi ouvido pelos policiais, por aproximadamente quatro horas, sobre as acusações de abuso sexual. Depois, foi levado para o Instituto Médico Legal para exame de corpo de delito antes de ir para a unidade prisional. O Ministério Público recebeu mais de 330 denúncias contra João de Deus desde a revelação dos primeiros casos.
O médium João de Deus deve passar a noite deste domingo em uma cela individual e isolado dos demais detentos, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, denominado Núcleo de Custódia. Ele vai cumprir prisão preventiva, que não tem prazo para terminar. A negociação para que o João de Deus tivesse tratamento diferenciado foi feita pelos advogados de defesa do médium, que argumentaram com a idade e o estado de saúde dele João de Deus e com o fato de ter passado por um câncer de estômago.
João de Deus se entregou à polícia na tarde deste domingo. Ele se apresentou ao delegado-geral de Goiás, em Abadiânia. O médium era considerado foragido desde o sábado (15/12), após a polícia ter procurado ele, sem sucesso, em mais de 30 endereços apontados pela investigação. João de Deus é acusado pelos crimes de assédio sexual e estupro por mais de 300 mulheres, do Brasil e do exterior.
Pelo menos 30 vítimas foram ouvidas pelos procuradores que atuam no caso. Além de ser apontado como autor dos abusos por mulheres de 13 estados e do Distrito Federal, também ocorreram denúncias contra ele na Alemanha, Suíça, e outras nações. No sábado, investigadores revelaram que João de Deus retirou R$ 35 milhões de contas bancárias na quarta-feira (12/12).
Apesar de toda a polêmica envolvendo o líder espiritual, a Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus fazia os atendimentos normalmente, permaneceu aberta até o horário do almoço e encerrou as atividades em seguida. Durante a manhã, aproximadamente uma dezena de pessoas permanecia no local, a maioria estrangeiros, vestidos de branco. Enquanto alguns faziam orações, outros permaneciam em locais de meditação da Casa.
O criminalista Alberto Toron, que representa o médium João de Deus, negou movimentações suspeitas de R$ 35 milhões na conta e aplicações financeiras e afirmou que o líder espiritual não planejava deixar o País. A defesa informou que vai entrar com um pedido de habeas corpus para suspender a prisão preventiva em troca de medidas cautelares. “O dinheiro não foi sacado, o senhor João de Deus apenas baixou as aplicações. Não houve movimentação. Ele não sacou o dinheiro do banco e não estava fora do Estado”, afirmou Toron.
O criminalista acompanhou as negociações com as autoridades desde a sexta-feira, 14, quando a Vara Judicial de Abadiânia expediu decreto de prisão preventiva contra o médium. Toron afirma encarar com ‘estranheza’ o fato de denúncias de supostos crimes cometidos há 30 anos terem voltado à tona agora. “À medida em que os fatos forem sendo apurados, as pessoas forem sendo ouvidas, vamos poder ver se são aproveitadores”, disse, ao citar uma holandesa que denunciou João de Deus e que, segundo o criminalista, tem um passado ‘mais que duvidoso’. “Se fere de forma tão grave, como mulheres voltaram [ao Centro Dom Inácio Loyola, onde foram cometidos os supostos crimes] cinco vezes, oito vezes?”, questionou.
O criminalista pediu “calma e serenidade” em relação à apuração das acusações. Desde a revelação dos primeiros casos, o Ministério Público recebeu mais de 330 denúncias de abuso sexual contra João de Deus. As acusações vieram dos Estados de Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pará, Santa Catarina, Piauí e Maranhão, e pelo menos seis países – Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça.
“Precisamos de um pouco de calma e serenidade para que não se faça um linchamento”, afirmou. “Em respeito a essas mesmas pessoas e mulheres, precisamos fazer essa investigação com todo o cuidado.” O criminalista disse que apresentará um pedido de habeas corpus para suspender a prisão preventiva em troca de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica.